Ela era um pássaro livre. Nunca esteve presa em uma gaiola, não nascera em cativeiro. Era fruto da natureza bruta, a qual a treinou bem e fez quem ela era. Tinha o céu inteiro para si e no passado desbravava-o com leveza e sem pressa, apreciando os raios de sol. Mas, naquele tempo, havia algo diferente. Voava baixo e, notava-se, com muito esforço para permanecer no ar. Batia as asas em passo irregular, como se essas não suportassem o seu próprio peso. E talvez fosse isso. Voava com sobrecarga.
Queria alçar voo e sobrevoar as mais belas paisagens como sempre havia feito, mas algo a mantinha perto do solo, como se a puxasse para baixo. Estava carregando coisa demais.
Foi então que caiu em si. Quando se viu presa mesmo sendo livre, desesperou-se. Procurou atônita ao seu redor o que lhe causava esse efeito e só então percebeu que suas mãos estavam cerradas. Abriu-as. Sentiu algo cair e o peito ficando mais leve. Fechou os olhos e visualizou o céu infinito, sentindo-se cheia de ar por dentro.
Ela não se dava conta, mas não era um pássaro qualquer. Era uma águia. Dona do seu próprio destino, capaz de aniquilar o peso que carrega e transformá-lo em alimento.
Abriu as asas o máximo que conseguiu, sentiu a brisa a abraçar. Estufou o peito para o sol e na direção dos raios alçou voo. Foi-se a favor do vento até que se transformou em um ponto no céu, e nunca mais voltou a descer.
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– Lar
26 de outubro de 2017 at 20:16
Lúcio José de Lima
26/10/2017
Quantas vezes na vida passamos por um pássaro. Cada um no seu modo, no seu caminho. Às vezes voamos sós, outro momento nos juntamos a tantos.
Vôos leves, pesados, tumultuados, mas se vai voando vida a fora.
Mas, o que vale, o mais importante, entre uma asada aqui, outra ali, é sabermos voltar ao nosso ninho, retornar de onde viemos e, assim, depois de longas revoadas, podermos descansar em paz, nunca sozinhos, mas rodeados dos companheiros de revoadas de outrora.
Parabéns, querida sobrinha, Lu.
Saudades!
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31 de outubro de 2017 at 20:38
Oi tio! Que linda a sua mensagem!! Obrigada pelas sábias palavras, e obrigada por passar por aqui! 🙂
Um beijo! Saudade de todos!
Lu
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26 de outubro de 2017 at 14:27
Todos nós temos um pouco de águia dentro da gente. E, muitas vezes, não nos damos conta daquilo que suportamos e carregamos sem necessidade ou razão de ser. Pesa-se, então, o coração com fuligens da vida, coisas irrisórias e desnecessárias, comprometendo nosso voo. “Una vez más mis felicitaciones!!!” Su papá…
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31 de outubro de 2017 at 20:39
Isso aí pai! Obrigada pelo apoio de sempre! Um beijo!!
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